Intercontinental é Mundial, sim senhor!

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Já faz algum tempo que vem sendo divulgado uma farsa pela mídia brasileira e por invejosos de todo canto do país nas redes sociais: A Copa Intercontinental/Toyota não foi um Mundial e que o Corinthians foi o primeiro campeão do mundo. Apesar de estarem sempre dizendo isso, nunca foi mostrado uma prova concreta de suas afirmações.

Como toda mentira tem perna curta, com esta não foi diferente. Nós, conhecedores da verdadeira história do futebol, já sabíamos que a Copa Toyota e a Copa Intercontinental são de fato, títulos mundiais. E não queremos que a farsa tome proporções maiores. Queremos que todos saibam a verdade, e por isso este projeto foi criado: para você, que não sabia o que responder a essas pessoas, a partir de agora vai poder dizer a elas sem nenhum medo de errar: "Intercontinental é Mundial, sim senhor!"

O que era a Copa Intercontinental?

Copa Europeia/Sul-Americana ou Copa Intercontinental ou Copa Toyota, conhecida popularmente como "Mundial Interclubes" foi um torneio, entre clubes, realizado entre 1960 e 2004, tendo como primeiro campeão o Real Madrid (ESP) e o último o Porto (POR). Ele era disputado pelos campeões da Liga dos Campeões da UEFA e da Taça Libertadores da América. De 1960 até 1979, os jogos eram disputados nos países dos campeões continentais, em dois jogos (ida e volta). Até 1969, não havia saldo de gols e caso houvesse os dois times vencesse uma partida cada, uma partida desempate era disputada em campo neutro. A partir de 1969, o saldo de gols começou a ser considerado como um fator de desempate. De 1980 até 2004, a competição passou a ter jogo único, que era disputado no Japão e patrocinado pela Toyota e pela Federação Japonesa de Futebol. A partir de 2005, a FIFA mudou o regulamento e o torneio deu lugar a Copa do Mundo de Clubes FIFA.

No Brasil, os campeões da Copa Intercontinental foram: Flamengo (1981), Grêmio (1983), São Paulo (1992 e 1993) e Santos (1962 e 1963).

Por que a polêmica?

Os brasileiros sempre que ganharam o campeonato se denominaram "Campeões do Mundo". E não só eles. Todos que ganharam a competição se consideraram os melhores do planeta. Porém, em alguns casos a inveja fala mais alto e nesse não foi diferente. Quem nunca conseguiu disputar a competição ou que perdeu o torneio proclama hoje que aquilo era apenas um amistoso e que não valia nada e que o Mundial de Clubes só começou pra valer em 2005. Ora, quanta bobagem: tentam fazer seus clubes grandes desmerecendo as conquistas dos outros. Aqui cabe uma pergunta: "Se esses clubes que dizem que Intercontinental não tem o valor de um mundial, se tivessem ganhado um título desse torneio se considerariam Campeões do Mundo? É para se pensar.

Dizem eles que a FIFA (Fédération Internationale de Football Association) não aceita a Copa Intercontinental como mundial e que ela não estava presente na competição. Veremos mais para a frente que essa afirmação é falsa. Inclusive, o São Paulo justifica a sua posição em seu site dizendo que a competição"contava com a chancela da FIFA, vista na escala de árbitros oficiais, na bandeira suspensa no estádio e também nos inúmeros informes e anúncios publicitários ("Hosted by: FIFA - UEFA - CONMEBOL")". Flamengo, Santos e Grêmio também vão nessa linha de pensamento. Veremos que eles tem razão. Porém, neste ponto concordamos com o jornalista Juca Kfouri: "Diga o que a Fifa disser, mas o primeiro campeão é o Real Madrid, em 1960.Como o segundo é o Peñarol, o terceiro o Santos e assim por diante. A Fifa e a CBF, e qualquer outra entidade dessas, podem dizer o que quiserem, mas não mudarão aquilo que o torcedor comemorou."

Os invejosos dizem que o troféu é considerado como mundial só por brasileiros e pela imprensa verde e amarela. Provaremos que esse argumento é sem fundamento nenhum. 


Desde os primórdios: campeões do mundo.

Para começarmos a analisar se a Copa Intercontinental é de fato um campeonato mundial devemos ir até seus primórdios, sua origem, nas primeiras edições do campeonato. Isso porque algumas pessoas dizem que no começo ninguém considerava a competição como o torneio que definiria a equipe dona do mundo e o que a competição era apenas amistosa. Então mãos a obra. Vamos começar a analisar os dados e a história!

Chegamos ao ano de 1954. O futebol começava a voltar aos trilhos depois da Segunda Guerra. Era ano de Copa do Mundo e um time inglês começava a chamar a atenção de todos os amantes do futebol: era o Wolverhampton. Após ser conquistar o campeonato inglês, o time fez umas séries de amistosos pela Europa. Após vencer vários adversários, bateu em novembro daquele ano o Spartak Moscou, bicampeão soviético por 4 a 0 Faltava apenas um adversário: o Honvéd, base da seleção húngara, vice-campeã do mundo, e que contava com ninguém menos que Puskás, que faria história no Real Madrid mais pra frente. No 13 de Dezembro, as duas equipes entraram em campo para o jogo que mudaria o futebol do mundo. Quando o juiz apitou o fim do jogo, os ingleses do 'Wolves' que venceram por 3 a 2 se auto-proclamaram "Campeões do mundo". A imprensa da Inglaterra publicou em diversos jornais que o time era o campeão do mundo. 

Era óbvio que isso enfurecia o restante da Europa. O jornal francês L'equipe rechaçou toda aquela festa e propôs um campeonato mundial e um campeonato europeu, para ai sim termos o melhor time do mundo. Santiago Bernabeu, então presidente do Real Madrid, apoiou os franceses. O clima era perfeito para a criação de um campeonato continental. O então presidente UEFA, Henry Delaunay, criou então a "Copa dos Campeões da Europa". O Real Madrid venceu as cinco primeiras edições do torneio. Porém não podia se alto proclamar campeão do mundo ainda, mas o desejo era grande. A UEFA então, junto com alguns dirigente de clubes, entre eles Bernabeu,  propôs para a Conmebol em 1958, na época da Copa do Mundo da Suécia, um campeonato para decidir o melhor time do mundo, entre o campeão europeu e o campeão sul-americano, pois somente a América e a Europa haviam ganhado a Copa do Mundo e, sem dúvidas, desse duelo sairia o melhor clube do mundo. Havia porém, um problema: não havia na América um torneio que desse um campeão para o continente. Foi criada então, em 1960, a Copa Libertadores da América e com isso foi criada a Copa Intercontinental (a Copa Libertadores só existe devido a Copa Intercontinental). Um dia após a criação do torneio, o jornal uruguaio El diário publicou a seguinte matéria: 



Ao dizer que o "campeão do nosso continente jogaria com o campeão europeu pelo título mundial", o jornal deixou bem claro que desde a criação do torneio, todos tinham em mente descobrir o campeão mundial de futebol. Este fato também é confirmado por uma carta de Outubro de 1958 que está no livro oficial da Conmebol sobre a Libertadores "Copa Libertadores da América: 1960 - 2010". A carta é do então presidenta da Conmebol, o brasileiro José Ramos de Freitas, para Henry Delaunay, presidente da UEFA. Em um trecho da carta está escrito: "Pero un partido anual, con revancha, a ser disputado entre las asociaciones campeonas de uno y outro continente es evidentemente praticable, surgiendo de esos partidos, el Campeón Mundial.(Porém, uma partida anual, com revanche, a ser disputada entre as equipes campeãs dos dois continentes é evidentemente praticável, surgindo destas partidas, o Campeão Mundial). (você pode ler o livro em formato digital aqui)

E assim foi feito. A Copa Intercontinental começou em 1960. De um lado estava o Real Madrid, campeão europeu daquele ano e comandado pelos craques Di Stéfano e Púskas e do outro estava o Peñarol, primeiro campeão da Libertadores. O torneio foi disputado em dois jogos: o primeiro em 3 de Julho no histórico estádio Centenário em Montevidéu no Uruguai. O jogo terminou empatado em 0 x 0. O jogo de volta foi disputado em 4 de Setembro na Espanha e o Real Madrid goleou os uruguaios por  5 a 1. Real Madrid primeiro campeão do Mundo. Sim! É isso que está escrito na edição do dia seguinte do jornal espanhol Mundo Deportivo:

Trecho da reportagem que conta como o Real Madrid se tornou o primeiro campeão do mundo. (Clique na imagem para ver melhor)

O jornal ABC-Sevilla também publicou no dia 6 de Setembro daquele ano que o Real Madrid podia enfim se proclamar campeão do mundo. Se já na primeira edição já consideravam o vencedor como campeão do mundo quem somos nós para discordar não é mesmo? Mas creio que os invejosos não estão satisfeitos e podem achar que os jornais erraram. Bem, então vamos para segunda edição do torneio, que foi decidida entre Benfica de Portugal, que contava com o craque Eusébio, e Peñarol, bicampeão da América em 1961. A final foi decidida em três jogos, pois o Benfica venceu o primeiro por 1 a 0 e os uruguaios ganharam na volta por 5 a 0. Como não havia saldo de gols, houve um jogo de desempate a equipe uruguaia venceu os portugueses por 2 a 1 no Estádio Centenário, em Montevidéu no Uruguai. Porém já no segundo jogo, quando o Peñarol goleou por 5 a 0, já estava nos jornais: 

Jornal Uruguaio destaca goleada do Peñarol. Destaque para a título: não precisa dizer mais nada.

Está claro que desde as primeiras edições, tanto os clubes, como a imprensa já considerava o torneio como sendo a competição que decidiria qual seria o clube campeão do mundo. Poderíamos parar por aqui, mas não. Veremos agora como os brasileiros conquistaram o mundo e como a imprensa daqui tratou a competição.

O Brasil no topo do mundo

Em 1962, pela primeira vez um clube brasileiro seria do mundo: o Santos de Pelé, Coutinho e Pepe que encantou o mundo! Depois de conquistar o continente, a equipe do litoral paulista disputou a Copa Intercontinental contra o Benfica que de novo chegava a final. Infelizmente para os portugueses, os brasileiros não deram a mínima chance a eles e com duas vitórias (3x2 na ida e 5x2 na volta), o Santos chegava ao topo do mundo. O jornal A Folha de São Paulo deixou bem claro na edição do dia 12 de Outubro daquele ano (um dia após a partida): "O Santos sagra-se campeão mundial; goleado por 5 a 2 o Benfica."

Em 1963, após vencer novamente a Libertadores, lá estava o Santos novamente na disputa do mundial. Desta vez o adversário era o Milan da Itália e seria mais complicado: os italianos venceram o primeiro jogo por 4 a 2 na Itália e para piorar Pelé, astro do time praiano se machucou. Porém, os brasileiros devolveram o placar no Maracanã. O jogo de desempate foi novamente no Rio de Janeiro e o Santos venceu por 1 a 0, com o gol marcado por Dalmo. O time do técnico Lula se tornava o primeiro clube bicampeão do mundo, para desespero dos rivais:

A Folha de São Paulo destaca a vitória santista contra o Milan

Foi desta maneira que pela primeira vez um clube brasileiro conquistava um campeonato mundial e conquistou dois logo de cara. Os anos foram se passando e a rivalidade entre europeus e americanos aumentando e o título ficando a cada ano mais importante. Porém foi somente em 1981 que um clube brasileiro voltaria a ganhar o título: O Flamengo de Zico!

A partir de 1980 a competição passou a ser disputada em um jogo único em campo neutro no Japão, com o patrocínio da Toyota, e em 1981, o Flamengo deu a volta ao mundo para chegar ao topo dele. O adversário era o Liverpool da Inglaterra. Não deu nem graça. O samba rubro-negro não deu chance para o time da terra dos Beatles: 3 a 0 só no primeiro tempo e fora o baile. Os gols foram de Nunes (2x) e Adílio. Zico & CIA encantaram os japoneses e o mundo com uma exibição de gala. Flamengo, campeão do mundo:

Destaque para a goleada do Flamengo que agora era o campeão do mundo

Dois anos após a conquista do Flamengo, o Grêmio também conquistou a América e disputou o título mundial em Tóquio contra o Hamburgo da Alemanha. O jogo foi dramático e terminou  1 x 1 no tempo normal e na prorrogação, o Grêmio venceu por 1 a 0 e com o placar final de 2 a 1 o grêmio era de fato campeão do mundo! Os dois gols gremistas foram marcados por Renato Gaúcho, um dos maiores ídolos da equipe gaúcha:

O jornal Zero Hora comemora o título mundial do Grêmio


Depois da conquista heroica do tricolor gaúcho, o Brasil só iria voltar ao topo do mundo nove anos depois, com outro tricolor, desta vez o paulista. Depois de ganhar a Copa Libertadores, o São Paulo embarcou para o Japão para enfrentar o temido Barcelona do técnico Johan Cruyff. O time espanhol era favorito a decisão e saiu ganhando com um gol do búlgaro Stoichkov.  Mas aí apareceu Raí. O camisa 10 são paulino marcou duas vezes e deu a vitória ao São Paulo, que se tornava assim o quarto time brasileiro campeão do mundo: 

Parte da matéria do jornal O Estado de São Paulo do dia 14 de Dezembro de 1992 sobre a conquista do São Paulo

No ano seguinte o São Paulo voltaria ao Japão e desta vez para enfrentar o Milan, considerado por muitos como o melhor time daquela década. Mas isso não adiantou. O São Paulo esteve a frente do placar duas vezes, mas todas as vezes os italianos empataram. Aproximava-se o término da partida, e todos esperavam a prorrogação, até que um gol meio que "sem querer" do atacante Müller colocou o São Paulo na frente novamente para sagrar-se bicampeão do mundo: depois de um lançamento, o goleiro italiano foi tirar a bola, que bate do calcanhar do são paulino, que não viu seu próprio gol. Os outros dois gols foram de Palhinha e Toninho Cerezo:

Matéria do jornal O Estado de São Paulo sobre o bicampeonato do São Paulo. Destaque para o gol de Müller

Essas foram todas as conquistas dos times brasileiros na Copa Intercontinental. O Brasil ficou com o vice-campeonato em outras cinco oportunidades: Cruzeiro (1976 e 1997), Grêmio (1995), Palmeiras (1999) e Vasco da Gama (1998). 

O Brasil voltou ao topo do mundo em 2005, já com a nova fórmula do Mundial: agora com o formato da FIFA. De novo o São Paulo ganhava o mundo após bater o Liverpool na final. O Inter de Porto Alegre, em 2006 e o Corinthians em 2012 foram as outras equipes brasileiras a serem campeãs do mundo.

(Você pode ver todos os campeões do mundo clicando aqui).

Os donos do mundo

Já mostramos todas conquistas dos clubes brasileiros e mostramos que todos eles, assim como a imprensa brasileira, consideravam a Copa Intercontinental como um campeonato mundial de clubes. Mas um dos "maiores" argumentos utilizados para desmerecer essas conquistas é que somente no Brasil, a Copa Toyota e a Copa Intercontinental são consideradas um campeonato mundial. Mas será isso verdade? Vamos analisar agora qual a posição dos clubes e da imprensa lá "de fora".

É bem verdade que alguns clubes que venceram o antigo torneio, em seus sites ou em seus museus não colocam em sua galeria de troféus escrito: "Campeão Mundial", mas colocam: "Campeão da Copa Intercontinental" ou "Campeão da Copa Europeia/Sul-Americana" ou ainda "Campeão da Copa Toyota" como é o caso de Milan (ITA), Real Madrid (ESP), Porto (POR) e Independiente (ARG). E com isso, nossos amigos invejosos dizem que isso mostra que a Copa Intercontinental não era um Campeonato Mundial para estes clubes. Mas isso é apenas mais uma prova de que a inveja deixa a pessoa cega. E pior: também a deixa sem interpretação nenhuma. 

Não há nada de errado de os clubes colocarem "Campeão da Copa Intercontinental" ou "Campeão da copa Europeia/Sul-Americana" em vez de "Campeão Mundial". O nome da competição não eram esses? Acontece que não devemos nos preocupar com o nome, mas sim seu valor, sua essência. E já vimos que desde o principio, ser campeão da Intercontinental é ser campeão do mundo e que aquele torneio tem o mesmo valor do atual Campeonato Mundial de Clubes FIFA (veremos isso mais adiante). Colocar no site apenas "Campeão da Copa Intercontinental" não desmerece o campeonato, pelo contrário, os clubes apenas colocaram em seu site o nome oficial do torneio em vez de colocarem "Campeão Mundial". Porém todos os clubes que colocam "Campeão da Copa Intercontinental" reconhecem de alguma forma que o torneio era de caráter mundial, como por exemplo: Manchester United (ING), Juventus (ITA) e Milan (ITA). Este último ainda da destaque especial as conquistas dizendo que o maior campeão do mundo, ao lado do Real Madrid, com 4 conquistas: três Intercontinentais (1969,1989,1990) e uma Copa do Mundo de Clubes FIFA (2007).

De fato, é isso que os clubes argentinos Boca Juniors e Racing e o uruguaio Nacional fazem: Embora o nome do título esteja "Copa Intercontinental", na descrição do título está que ambos foram campeões mundiais e que alcançaram o topo do mundo com a conquista. O Racing em seu site, inclusive, se vangloria dizendo: "Primeiro argentino campeão mundial"

Mas, ao contrário do que muitos pensam, há clubes no exterior que colocam em sua galeria de troféus o título de  "Campeão Mundial" para designar a conquista Copa Intercontinental ou da Copa Toyota, como é o caso de Ajax (HOL), Feyenoord (HOL), Estrela Vermelha (SRB) e Bayern de Munique (DEU). Em 1961, inclusive, quando Peñarol e Benfica disputaram o título, o jornal do clube português publicou o seguinte: "Peñarol e Benfica vão disputar o fabuloso título de campeão mundial de clubes de futebol"

Jornal do Benfica de setembro de 1961, dando ênfase na disputa do título mundial

Está mais do que provado que os clubes do exterior também consideram o título de importância mundial. Mas para acabar de vez com as dúvidas populares, vamos analisar os ingressos dos jogos, pois sem dúvidas eles podem nos trazer informações importantes. E de fato trazem: analise o ingresso da final de 1972 entre Ajax (HOL) e Independiente (ARG):

Ingresso da final da Copa Intercontinental de 1972

Note que no canto superior direito do ingresso esta escrito WereldCup, que traduzido do holandês para o português fica: Copa do Mundo! Algum problema amigo invejoso? Vamos para outro bilhete de entrada: o ingresso da final de 1976, entre o alemão Bayern de Munique e o Cruzeiro. Ele também dizia que ambos os clubes iriam disputar do troféu de campeão do mundo:

Endspiel um den Weltpokal (Final da Copa do Mundo), dizia o ingresso da final de 1976

Calma amigo invejoso. Eu sei, você pode não estar satisfeito. Vamos analisar outra entrada de uma final de Copa Intercontinental. Desta vez, o ingresso da final de 1967, disputada entre Racing (ARG) e Celtic (GBR):

Final da Copa do Mundo de 1967 - dizia o ingresso entre Racing e Celtic.


Acho que esse não deixou dúvidas. Ora se nos ingressos dos jogos está escrito que os clubes iriam disputar o campeonato mundial, quem somos nós para discordar? Precisa dizer mais alguma coisa? Isso mostra que tanto para nós, quanto para eles, a Intercontinental é mundial, sim senhor!

Mas e a imprensa "lá de fora"? Como tratava a Copa Intercontinental e a Copa Européia/Sulamericana? Já mostramos que a imprensa espanhola noticiou o Real Madrid como o primeiro campeão do mundo em 1960 e a mídia uruguaia, afirmou que o Peñarol ganhou o Campeonato Mundial de 1961. Não era necessário mais provas, mas mesmo assim vamos a elas. Assim, como no Brasil, a Copa Intercontinental era tratada como um mundial pela imprensa dos outros países: 


Revista inglesa sobre a Copa Intercontinental de 1968: Campeonato Mundial de Clubes

Cartaz do Racing divulga a Copa Intercontinental de 1967 como um Campeonato Mundial (World Championship)

Divulgação da Copa Intercontinental de 1972: Ajax e Independiente disputam o mundo (Wereldbeker)

Revista argentina El Gráfico se "derrete" pelo Boca Juniors, campeão do mundo em 1978

Revista sobre a conquista do Estudiantes em 1968

Jornal Uruguaio El País diz que o Peñarol é o melhor time do mundo ao ganhar do Benfica em um confronto histórico em 1961


O jornal inglês The Times se rende ao Grêmio em 1983: Melhor clube do mundo

A revista argentina El Gráfico afirma que os uruguaios do Nacional foram campeões do mundo

Jornal americano The New York Times diz que o Manchester United conquistou o mundo em 1999, após vencer o Palmeiras por 1 a 0

A rede de TV geradora das imagens da Copa Intercontinental parabeniza o São Paulo por conquistar o mundo em 1992

Diário Esportivo argentino Olé, destaca a vitória do Boca Juniors em 2000: Campeões do mundo!

Existem milhares de revistas e jornais na internet sobre a Copa Intercontinental e Copa Toyota e seria impossível colocar todos aqui. Ficou claro que o mundo inteiro considera a Copa Intercontinental e a Copa Toyota como um campeonato mundial. Mas e a torcida dos clubes estrangeiros? Como encaram a Copa Intercontinental? Nós brasileiros nos consideramos campeões do mundo. Vamos ver como ela é encarada no exterior. Na final do Mundial de Clubes de 2013, a torcida do Bayern de Munique fez um bandeirão com o simbolo do clube e as taças da Copa Intercontinenal e do Mundial de Clubes FIFA em volta do escudo, mostrando que para eles, ambos os torneios tem a mesma importância:

Enquanto festeja o título de 2013, a torcida do Bayern não esquece os mundiais anteriores

O mesmo fez a torcida do Olimpia (PAR) em uma partida válida pela Libertadores da América de 2013. A torcida fez um belo mosaico dizendo que o clube de coração daqueles torcedores foram campeões do mundo em 1979:

A torcida do Olimpia não esquece que o time foi Campeão do Mundo em 1979

O diário esportivo Olé, da argentina, em 2009, disse em uma matéria sobre o mundial daquele ano: "Desde el año 1960 hasta el 2004, el mejor equipo de Europa y el de América del Sur se enfrentaban en la llamada Copa Intercontinental para determinar al "Campeón del Mundo" a nivel clubes. (...) Pero desde el 2005 la Copa intercontinental dejó de existir para pasarse a llamar Mundial de Clubes.(Desde o ano de 1960 até 2004, a melhor equipe da Europa e a melhor equipe da América do Sul se enfrentavam na chamada Copa Intercontinental para determinar o "Campeão do Mundo" de clubes (...) Porém desde 2005 a Copa Intercontinental deixou de existir e passou a se chamar Mundial de Clubes). O diário Olé resumiu de forma clara e precisa tudo o que dissemos aqui! Inclusive o site do Olé tem uma página com todos os campeões do mundo e claro, os "antigos" campeões estão lá!

Em 2012, o site da FIFA fez uma matéria sobre a Copa Toyota de 1987, disputada entre Porto (POR) e Peñarol. O argelino Rabah Madjer que fez o gol que deu a vitória dos portugueses por 2 a 1 na prorrogação disse: "Os (gols) de calcanhar foram mais bonitos, mas aquele nos fez campeões do mundo". Está claro que o argelino e todo o resto do mundo que aquele torneio valeu como Campeonato Mundial!

Portanto, o argumento de que apenas os brasileiros consideram a Intercontinental como Mundial está mais do que refutado. Veremos agora a principal "arma" dos invejosos.

E a FIFA?

Ah... a FIFA! Ponto de refúgio de quem não quer admitir o óbvio. Mas a partir de agora, não mais. Os invejosos afirmam que a FIFA não estava presente na organização do torneio. Acontece que a FIFA sempre esteve presente nas partidas nos mundiais antes de 2005. Já citamos aqui que o São Paulo justificou isso em seu site e de fato o clube tem razão:

Lance da Copa Intercontinental de 1983 entre Grêmio e Hamburgo. A FIFA estava lá.

É impossível a FIFA menosprezar um campeonato em que ela estava presente. Seria assinar o "atestado de burrice" não é mesmo? Portanto é insustentável a afirmação de que a FIFA não estava envolvida no torneio. 

"Certo, mas qual a opinião da entidade sobre a Copa Européia/Sulamericana?", pode protestar alguém. Há quem diga que a FIFA até hoje nunca tomou uma posição oficial sobre o assunto. De fato, esta entidade parece não se preocupar muito em manifestar sua opinião, porque ela não é necessária. Já mostramos que para o planeta inteiro a Copa Intercontinental e a Copa Toyota foram campeonatos mundiais. Mesmo assim mostraremos que a FIFA, mesmo que não escancare, ela aceita que os campeões do antigo torneio são campeões do mundo, porque para esta entidade a Copa Intercontinental foi a "mãe" do Mundial da FIFA.

Acontece que a FIFA nunca teve interesse em organizar um Mundial de Clubes quando era necessário. Coube a UEFA e CONMEBOL, como já vimos, de fazer esta missão. Embora fossem essas instituições que organizassem o torneio, a FIFA sempre esteve envolvida também, como já mostramos. Esta, então vendo o sucesso da Copa Intercontinental quis tomar para si toda a organização. Não deu certo e tentou fazer seu próprio mundial em 2000 no Brasil. Foi um fracasso total e aquele campeonato nunca mais foi organizado. Em 2005, entretanto, a FIFA substitui a Copa Intercontinental por seu Mundial. Logo, o Mundial de Clubes da FIFA é a continuação da Copa Intercontinental, iniciada em 1960. Assim, a Copa do Mundo de Clubes da FIFA e a Copa Intercontinental possuem o mesmo valor. Concluímos, portanto, que o que foi feito na verdade foi apenas uma mudança no formato da competição, mas o valor, o sentido nunca foi alterado. "Os que venceram a Copa Toyota e a Copa Intercontinental são campeões" como bem disse o secretário-geral da entidade Jérôme Valcke em uma entrevista em 2013 e ele ainda completou dizendo que mudanças na "fórmula (de disputa) são normais, inclusive na Copa do Mundo". Esta é a posição da FIFA.

Existem milhares de matérias no site da FIFA que mostram que para ela, a Copa Intercontinental pode ser considerada como um Mundial de Clubes e não postaremos todos aqui pois não haveria espaço. Eis alguns deles:

1) "We are champions" - (01/12/05): "(...) we feature the 26 clubs that have been named world champions.(Apresentamos os 26 clubes que foram nomeados campeões mundiais) e logo após ela cita todos os campeões anteriores, desde o Real Madrid em 1960 até o Porto em 2004. Quando a Copa Toyota foi substituída pelo Mundial de Clubes FIFA, a entidade considerou os campeões do campeonato anterior como campeonato mundial. 

2) "Goodbye Toyota Cup, hello FIFA Club World Championship" - (10/12/04):  "(...)he hoped to extend his side's hegemony to the whole of planet football, a master plan that initially succeeded when Real won the opening edition." (Ele [Real Madrid] esperava estender a sua hegemonia para todo o planeta do futebol, um plano que inicialmente teve sucesso quando o Real venceu a edição de abertura). Ora só uma competição que possua caráter mundial pode dar a um clube a "hegemonia do planeta". O texto também afirma que a Copa Toyota adquiriu um novo formato e deu lugar ao Mundial da FIFA.

3)  "Roberto, Raul and Real conquer the world"  (01/12/13): "Roberto, Raul e o Real conquistam o mundo" ao falar sobre a Intercontinental de 1998.

4) "Inter rule the world, Mazembe make history" - (19/12/10):  "(...) the Italians collected a third club world championship trophy to add to the two intercontinental titles they won in the mid-1960s" (Os italianos colecionam três campeonatos mundiais de clubes, este troféu foi adicionado aos dois títulos intercontinentais conquistados na década de 1960). Note que a FIFA  deixa bem claro que o Mundial FIFA e a Copa Intercontinental tem o mesmo valor: definir o melhor time do mundo.

5) "Rai helps Sao Paulo rule the world" - (13/12/12): "Raí ajuda o São Paulo a conquistar o mundo", sobre a Copa Toyota de 1992.

6) "Boca holt Weltpokal im Wildparkstation"- (01/08/13): "Boca leva o Mundial no Wildparkstation" sobre a Intercontinental de 1978

Estes são apenas alguns exemplos de que a FIFA, em seu site, considera a Copa Intercontinental como um mundial de clubes. Se fossemos colocar todos textos e matérias do site que afirmam isso aqui neste blog não haveria espaço, então se quiser ver mais provas como estar curta nossa página no Facebook. 

Em 2005, ano da primeira edição do novo mundial, a FIFA ao contar a história do torneio em seu site, cita que a ideia de decidir o melhor time do mundo, fez surgir em 1960 a Copa Intercontinental e que do duelo entre América do Sul e Europa sairia o campeão mundial. E em 2006, ao citar os campeões anteriores do mundial, a FIFA colocou junto os vencedores da Copa Intercontinental, da Copa Toyota e do Mundial de Clubes FIFA, mostrando que para a federação ambos torneios tem o mesmo valor. De fato, até hoje a FIFA faz isso: todos os anos, nos guias dos mundiais, a entidade cita a Copa Intercontinental e Copa Toyota na parte da história do mundial. (Ex: 2010201120122014).

Podem os invejosos entretanto, dizer que esses textos no site da entidade de nada valem e queiram documentos oficiais da FIFA. Os guias citados acima, são documentos oficiais mas mesmo assim façamos a vontade deles, vamos analisar os documentos oficiais da federação!

Um dos principais documentos sobre as atividades da FIFA é o "Activity Report" que é feito anualmente e fala sobre todas as atividades e missões da entidade. Veremos agora alguns deles, que citam a antiga Copa Intercontinental:

1) FIFA Activity Report 2005: Nas páginas 60 e 61 ele fala sobre o "novo" Mundial da FIFA que seria disputado em Dezembro. Em suma, o texto aborda que a primeira tentativa de achar o melhor time do mundo foi a Copa Intercontinental, inclusive, conta a história, sem muitos detalhes, da competição. O texto também fala que ambos os continentes queriam o título de campeões do mundo e não contesta em nenhum momento isso ("And so it was only natural that the “World Championship” be contested by the winners of these two competitions"). 

2) FIFA Activity Report 2006: Na página 62, o documento fala sobre o Mundial do ano anterior, vencido pelo São Paulo. Além disso ele cita que o Liverpool já havia perdido outras duas tentativas de chegar ao topo do mundo (1981 e 1984) e o São Paulo chegava a um "hat-trick", com três conquistas (1992, 1993 e 2005). ("Whereas Liverpool missed out in two previous attempts in 1981 and 1984, São Paulo managed to win the Toyota Cup in 1992 and 1993, when South America’s champions battled it out with the top European club. In addition to the wish to complete this hat trick, the Brazilians were no doubt also spurred on by the hope of matching city rivals Corinthians’ FIFA Club World Championship title in Brazil in 2000")

3) FIFA Activity Report 2014: Este é sem dúvidas o fechamento do caixão da farsa que a Copa Intercontinental não é um Mundial. Na página 56, ao falar da conquista do Real Madrid no Mundial, o documento afirma que os merengues empatavam com o Milan com quatro títulos mundiais, colocando o mesmo valor para o Mundial da FIFA e a Copa Intercontinental ("Real, meanwhile, equalled AC Milan’s record of four FIFA Club World Cup and Intercontinental Cup wins.")

Poderíamos parar por aqui. Mas não. Vamos acabar com todas as dúvidas de uma vez por todas. Em 2005 a FIFA em lançou um documentário chamado "FIFA Futebol - O melhor do século" para comemorar os 100 anos de sua existência. No documentário estão alguns dos principais momentos do futebol nestes 100 anos de FIFA. Em uma parte do documentário, é citado a história de Pelé e conta os títulos do jogador enquanto ele estava no Santos. Como vimos, em sua passagem pela equipe santista, Pelé ganhou duas Copas Intercontinentais e sabe como a FIFA se refere a elas no documentário? Como Mundiais! Isso mesmo. Ela diz que Pelé tem dois mundiais pelo Santos. (você pode ver esta parte do documentário aqui).

Não acabamos ainda. Deixamos a "cereja do bolo" por último. Uma prova definitiva de que a entidade considera que quem venceu as Copas Intercontinentais e Toyota foram campeões do mundo. O livro "1961 - o ano Rubro- Negro" do jornalista Eduardo Monsanto conta a história do ano de ouro do Flamengo de Zico, que terminou com a conquista da Copa Toyota em Dezembro no Japão. No fim do livro, o autor mostra uma carta do então presidente da FIFA, João Havelange, para o Flamengo parabenizando o clube pela conquista do campeonato mundial:

Ofício de João Havelange para o presidente do Flamengo em 1981 (clique na imagem para amplia-lá)

"(...)o grande desempenho técnico da equipe do Flamengo no final da Copa Intercontinental frente ao Liverpool, SAGRANDO-SE DE FORMA INCONTESTE E ALTAMENTE HONROSA PARA O FUTEBOL BRASILEIRO, CAMPEÃO MUNDIAL DE CLUBESEstas foram as palavras do presidente da FIFA! Fim de papo! A FIFA considera que o Mundial de Clube FIFA e a Copa Intercontinental possuem o mesmo o valor e que a fórmula atual de disputa é apenas uma continuação do antigo torneio. 

"Mas a FIFA considera o Corinthians o primeiro campeão do mundial de clubes da FIFA e no site da FIFA, eles colocam o Mundial de Clubes FIFA em um lugar e a Copa Intercontinental em outro!", pode protestar um invejoso. Acontece que esta é a mesma situação dos clubes que colocam "Copa Intercontinental" em sua lista de conquistas. O nome do torneio era "Copa Intercontinental" ou "Copa Toyota" não há nada de errado de colocar isso em sua lista e em nada isso mostra que tal competição não era um mundial, pelo contrário, como já mostramos, embora os nomes sejam diferentes, tanto os clubes, como a FIFA, consideram que ambos possuem a mesma importância. E sobre o fato de o Corinthians ser o primeiro campeão mundial da FIFA também está correto, visto que ele ganhou a primeira edição do novo torneio em 2000 e ao lado do Boca Juniors (que ganhou a Copa Toyota naquele ano) é o campeão do mundo de 2000.

O nome da competição nunca foi mundial!

Este argumento é bastante utilizado nas redes sociais para tentar provar que a Intercontinental não é um Mundial. Porém existe um grande erro nesse pensamento: as pessoas se importam com o nome e não com o que a competição representa e olham o passado com os olhos do presente.

Devemos nos preocupar com o valor do torneio e não com o nome. E o objetivo da Copa Intercontinental era de definir o melhor time do mundo no ano. Já falamos que no começo, o troféu da Copa era chamado de "Taça Jules Rimet". Outro exemplo é a Copa das Confederações que no início se chamava Copa Rei Fahd e não contava com a FIFA. Ora, mas a entidade mesmo assim considera que os vencedores daquela competição ganharam o equivalente ao que se chama hoje Copa das Confederações.

Um outro exemplo bem parecido do que ocorre com a Copa Intercontinental e o Mundial de Clubes FIFA ocorreu no futsal. A FIFUSA/AMF organizam um Mundial desde 1982, quando a FIFA não tinha interesse na organização do campeonato. Vendo o sucesso do torneio, a FIFA quis tomar a organização do mundial pra ela. Houve então uma grande briga política e ambas associações organizam hoje seus próprios mundiais. O Brasil possui títulos nas duas competições e considera ambos os títulos com a mesma importância.  A mesma coisa aconteceu no futebol de campo: vendo o sucesso da Copa Intercontinental e da Copa Toyota, a FIFA que já estava presente nos torneios, passou a controlar de vez a organização. Portanto as duas competições tem o mesmo valor para a entidade, o de mundial de clubes!

O Mundial da FIFA é de fato mais democrático, mas até hoje só sul-americanos e europeus ganharam o torneio. Será que os idealizadores da Copa Intercontinental estavam errados? O futebol era (e ainda é) dominado por estes dois continentes. E sobre o novo mundial: está caindo cada vez mais em um buraco. O nível técnico dos jogos é muito inferior e o torneio muitas vezes conta com times amadores, devido ao baixo desenvolvimento do futebol nos outros continentes (veremos isso mais adiante). Diferente da Copa Intercontinental e da Copa Toyota que sempre lotou os estádios e levava emoção aos torcedores.

Copa Jipe?

Na tentativa desesperada e sem argumentos de tentar desmerecer a Copa Toyota dizem que o torneio era uma "Copa Jipe" em alusão a patrocinadora do campeonato, a montadora de veículos Toyota e dizem ainda que era a empresa japonesa quem organizava tudo. 

Bom já mostramos que a FIFA estava presentes nos jogos e era ela que escolhia os árbitros, ou seja, a Toyota era apenas patrocinadora do evento, como é até hoje no Mundial da FIFA. Sim, a Toyota continua presente nos mundiais. Isso quer dizer que se os mundiais anteriores não valeram por causa da Toyota, os de hoje também não vale.

Toyota: ontem e hoje. Alguma diferença do antigo pro novo?

A Toyota começou a patrocinar o campeonato no ano de 1980. Antes, o torneio era disputado em dois jogos, nos países dos participantes. A partir de 1980, o torneio passou a ser disputado em jogo único no Japão. Uma pausa agora: Perceberam que o regulamento do campeonato mudou? Sim, antes eram dois jogos na casa dos competidores e a partir de 1980 jogo único em campo neutro. A mesma coisa aconteceu a partir de 2005 quando um novo regulamento foi feito e a Copa Toyota juntou-se ao Mundial de Clubes FIFA, e em todos esses casos o campeonato continuou a valer a mesma coisa: Campeonato Mundial! Não é porque o regulamento mudou que os campeonatos anteriores não valeram nada.

Chamar um Mundial de "Copa Jipe" é a demonstração da mais pura ignorância. Só não vê quem não quer: Intercontinental e Copa Toyota são mundiais, sim senhor!


Campeões do mundo só com dois continentes?

Já vimos que todos os clubes ganhadores da Copa Intercontinental ou da Copa Européia/Sul-Americana se consideram campeões do mundo. Já vimos também que a FIFA afirma que eles são de fato campeões mundiais. Mas ainda existe pessoas que diante de todas essas provas ainda insistem em desmerecer a competição e dizem que tais clubes não são campeões do mundo pois apenas dois continentes participavam do campeonato: Europa e América do Sul. 

Bem, seguindo esta linha de raciocínio a Copa do Mundo de 1930, disputada no Uruguai e vencida pelos donos da casa, não vale como um campeonato mundial de seleções. Por que? Por que somente equipes americanas e européias participaram. O mesmo vale para as Copas do Mundo de 1938, 1950 e outras edições em que nem todos os continentes estiveram presentes! Inclusive, nas primeiras edições da Copa do Mundo, o torneio era chamado de "Taça Jules Rimet" em alusão ao criador do torneio. Esse fato tira o título de campeão mundial dos ganhadores? Não. O mesmo vale para os campeões da Copa Toyota e da Copa Intercontinental.

Acontece que quando a Copa Intercontinental começou a ser disputada em 1960, não havia nenhum tipo de competição nos outros continentes que pudesse dar um representante ao torneio. Na África por exemplo, tal torneio só surgiu em 1964, na Ásia só em 1967 e da Oceania foi somente em 1987. Para se ter uma idéia, a Coréia do Sul, potência no futebol asiático nos dias de hoje,  só começou a se profissionalizar nos anos 80. O Japão somente na década de 90, com a J-LeagueNa América Central o México era um autêntico saco de pancadas em Copas do Mundo, somente iniciando um crescimento dos anos 70 em diante. Os Estados Unidos fracassaram numa tentativa de profissionalizar o futebol na mesma década,  mesmo com Pelé atuando no New York Cosmos. Foi  somente com a criação da Major League Soccer após a Copa  de 1994 que o futebol estadunidense encontrou alguma estabilidade. O principal campeonato da América do Norte, a Liga dos Campeões da CONCACAF, só surgiu depois da Intercontinental e ainda sim com muitos problemas, como em 1978 em que tivemos três clubes campeões. Isso mesmo. Universidad de Guadalara (MEX), Comunicaciones (GTM) e Defence Force(TTO) foram os vencedores. E aí, se participassem da Intercontinental quem iria representar o futebol da América Central de do Norte? Os três? Não tinha como. O melhor a se fazer naquele momento era deixar o campeonato só com representantes da América do Sul e da Europa, pois estes dominavam o mundo do futebol (até hoje dominam). Com o passar do tempo, algumas pessoas sugeriram a entrada de mais clubes, mas a UEFA e a CONMEBOL recusaram, pois teria que se mudar muitas coisas na competição. Mas isso não tira o brilho das conquistas dos clubes, que são campeões do mundo, sim senhor!

Os europeus não davam importância para competição?

Esse talvez seja o mantra para quem não quer reconhecer de maneira alguma os títulos da Copa Intercontinental, principalmente as conquistas das equipes brasileiras. Já mostramos a torcida do Bayern não esquece as Copas Intercontinentais conquistas pela equipe. Mas os europeus realmente não davam importância para a competição? Bem, vamos ver analisar a seguinte imagem:

Muller comemora o terceiro gol do São Paulo contra o Milan em 1993. O zagueiro Costacurta não acredita no que aconteceu.

Notaram como o defensor do clube italiano está "despreocupado" com o gol do São Paulo? É lógico que não! Estava em jogo o título de melhor time do mundo e é claro que os europeus davam importância para o torneio. Quer outra prova? 

Em 2011 o Barcelona foi campeão do mundo em cima do Santos. Porém ás vésperas da decisão daquele ano, Guardiola lembrou de outro mundial: o de 1992, quando o São Paulo conquistou o seu primeiro título mundial. Pep Guardiola defendia o Barcelona, adversário tricolor naquela decisão. Ele disse que a derrota da equipe catalã foi frustante para ele e para seus companheiros. Porém disse que já tinha superado a decepção. Fica uma pergunta: Quem se decepciona por uma derrota em um campeonato que não vale nada? Ninguém. Isso mostra que para os europeus, a Copa Intercontinental tinha um grande valor. De fato, naquele ano toda Espanha estava empolgada com o time catalão. No dia anterior a decisão daquele ano, o jornal Mundo Deportivo publicou uma grande reportagem com o título "El Barça quiere ser Universal", dizendo que o time queria demais aquela conquista para ter domínio sobre o mundo todo.

Outros dizem que o torneio tinha caráter amistoso. Nunca. Como já dissemos, foi idealizado pelo secretário-geral da UEFA, junto à CONMEBOL, não poderia ser um amistoso. 

"Mas alguns europeus se recusavam a participar!" pode protestar alguém. Sim, é verdade que em algumas edições os campeões europeus não quiseram participar da competição e inclusive em duas ocasiões não houve disputa: 1975 e 1978, por falta de acordo de datas entre os participantes. Isso não aconteceu somente nestes torneios. A Copa do Mundo, por exemplo, não foi realizada por outros motivos, como a Segunda Guerra Mundial. Porém, na Copa Intercontinental, sempre que um desistia, outro clube entrava em seu lugar foi assim em 1971 quando o Panathinaikos substituiu o Ajax, em 1973 a Juventus substituiu o Ajax, em 1974 o Atletico de Madrid substituiu o Bayern Munique, em 1977 o Borussia Monchengladbach entrou no lugar do Liverpool, em 1979 o Malmoe substituiu o Nottingham Forest e em 1993 o Milan entrou no lugar do Olimpique de Marselha, pois este foi punido pela FIFA e pela UEFA de competições internacionais por estar envolvido em um esquema de corrupção no campeonato francês.

E isso tira a importância do campeonato? Novamente não! Alguns clubes não participaram por estar passando por um crise financeira, outros porque estavam suspenso de competições internacionais, outros porque no inicio da competição as viagens eram caras e outros desistiam porque os calendários dos clubes da Europa são apertados e quase sempre eles tinham que achar "brechas" para disputar o campeonato Este fato é confirmado, porque em 2004, os gigantes da Europa quiseram boicotar o novo Mundial FIFA pois este seria longo demais a os prejudicaria na temporada. Eles afirmaram ainda que estavam satisfeitos com a Copa Intercontinental. Alguns europeus, principalmente os ingleses, temiam as torcidas e os times sul-americanos que tinham a fama de violentos. Por isso, depois que a Toyota começou a patrocinar o campeonato e ele foi disputado em jogo único no Japão não houve nenhuma desistência. Mas como já disse, nada disso tira o feito dos clubes campeões e se os clubes não quiseram participar o problema é deles. Perderam a chance de ser campeões do mundo!

Conclusão

Depois de analisarmos a história e as provas só nos resta concluir uma coisas: Intercontinental é Mundial! Não resta mais dúvidas. Se você que não aceitava isso, mas veio até aqui procurar uma resposta certa, tenho certeza que mudou de opinião. 

Muitas das pessoas que rejeitam a Copa Intercontinental, fazem isso porque seu time nunca a disputou e para isso precisa "tirar" os títulos dos outros para achar que seu time é grande. Afinal, como diz um velho ditado: "Quem desdenha, quer comprar".

Gostaria de parabenizar todos os campeões mundiais, mas em especial os brasileiros: Flamengo, Grêmio, Santos e São Paulo! Parabéns campeões do mundo!

Bibliografia:

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"O que vale mais: ganhar o título ou ser realmente o melhor do mundo?" - Blog do Odir Cunha, disponível em: http://blogdoodir.com.br/2013/12/o-que-vale-mais-ganhar-um-titulo-ou-ser-realmente-o-melhor-do-mundo/ - Acessado em 30/05/2015